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Carnavalesco da Unidos do Viradouro detalha samba-enredo de Malunguinho, herói pernambucano

Atual campeã do grupo especial do Carnaval do Rio de Janeiro, a escola de samba de Niterói vai abordar um personagem de Pernambuco no enredo deste ano em busca do bicampeonato

Tarcisio Zanon, carnavalesco da Unidos do Viradouro Tarcisio Zanon, carnavalesco da Unidos do Viradouro  - Foto: Ricardo Fernandes/ Folha de Pernambuco

Atual campeã do grupo especial do Carnaval do Rio de Janeiro, a Unidos do Viradouro busca o bicampeonato em 2025 com uma história relacionada à cultura do povo pernambucano. 

Em visita à Folha de Pernambuco nesta sexta-feira (21), o carnavalesco da escola de samba, Tarcisio Zanon, explicou detalhes sobre o enredo deste ano que vai abordar Malunguinho, um personagem histórico do século 19, líder do Quilombo do Catucá, localizado no Norte do Estado.

O enredo da Unidos do Viradouro tem como tema: "Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos" e tem como objetivo apresentar ao grande público a luta por resistência e liberdade. 

De acordo com o carnavalesco, os contatos de intercâmbio para fechar o enredo em torno da história pernambucana aconteceram a partir de junho do ano passado. 

“Malunguinho é um dos maiores líderes quilombolas do Brasil. É um grande herói pernambucano do século 19. Era o maior quilombo em extensão do Brasil”, iniciou Tarcisio.

“É um herói brasileiro que o grande público não conhece e que através do Carnaval temos a oportunidade de levá-lo ao panteão de grandes heróis nacionais. O interessante da história de Malunguinho é que a história dele sobrevive dentro dessa cosmologia que é o catimbó jurema através da oralidade e dos cânticos”, completou o carnavalesco. 

Os membros da Unidos do Viradouro, escola de Niterói, ressaltaram que foram bem recebidos e aceitos pelos juremeiros.

Inclusive, com apoio institucional do Governo de Pernambuco, eles vão conseguir levar, ao menos, 70 para o grande desfile na Marquês de Sapucaí. 

"A gente trata esse enredo tanto na esfera espiritual quanto na esfera histórica. Estamos felizes porque estamos sentindo a presença de Malunguinho durante todo esse processo", afirmou o carnavalesco da atual campeã do Rio de Janeiro.

E o processo de trazer mais visibilidade à história de Malunguinho já está sendo alcançado antes mesmo do desfile no Carnaval deste ano. No dia que o enredo foi lançado, a palavra Malunguinho ficou como a mais pesquisada no Google.

"Tem sido de uma divulgação muito bacana e interessante essa visibilidade que estamos conseguindo através do Carnaval", disse.

Representatividade 

A representatividade da cultura pernambucana não vai ficar apenas no samba-enredo da Unidos do Viradouro. O carnavalesco prometeu que o povo de Pernambuco vai ser ver durante o desfile e soltou uma pequena prévia do que vai acontecer na avenida.

“A gente conseguiu uma coisa muito legal. No samba, temos a frase 'Pernambucano mensageiro bravio'. Não tem como não retratar essa beleza da cultura de Pernambuco porque também temos um conceito dentro de Malunguinho. Todas as manifestações que são assentadas como oferendas a Malunguinho como Caboclinho, Cavalo Marinho, as Calungas, etc. Tudo isso vai estar representado em nosso desfile como essa grande oferenda, que é uma expressão linda do que é esse Estado esfuziante e colorido, principalmente, neste período de Carnaval."

Histórico da Unidos do Viradouro 

O título de 2024 foi o terceiro da história da escola de samba de Niterói. As outras conquistas foram em 2020 e 1997, além do vice-campeonato de 2023.

No ano passado, a Unidos do Viradouro teve como enredo "Arroboboi, Dangbé", que relatou as histórias das sacerdotisas voduns, mulheres escolhidas e iniciadas em ritos de louvor à serpente sagrada.

Confira o samba-enredo da Unidos do Viradouro sobre Malunguinho:

A chave do cativeiro, virado no Exu Trunqueiro
Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo
Porque nunca ando só, porque nunca ando só
A chave do cativeiro, virado no Exu Trunqueiro
Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo
Porque nunca ando só, porque nunca ando só

Acenda tudo que for de acender
Deixa a fumaça entrar
Sobô nirê mafá, sobô nirê
Evoco, desperto nação coroada
Não temo o inimigo, galopo na estrada
A noite é abrigo
Transbordo a revolta dos mais oprimidos

Eu sou caboclo da Mata do Catucá
Eu sou pavor contra a tirania
Das matas, o Encantado
Cachimbo já foi facão amolado
Salve a raiz do Juremá

Ê juremeiro, curandeiro ó
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da jurema
Não mexe comigo, não
Ê juremeiro, curandeiro, ó
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da jurema
Não mexe comigo, não

Entre a vida e a morte, encantarias
Nas veredas da encruza, proteção
O estandarte da sorte é quem me guia
Alumia minha procissão
Do parlamento das tramas
Para os quilombos modernos
A quem do mal se proclama
Levo do céu pro inferno
Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado
Kaô, consagrado

Reis Malunguinho, encarnado
Pernambucano mensageiro bravio
O rei da mata que mata quem mata o Brasil
O rei da mata que mata quem mata o Brasil

A chave do cativeiro, virado no Exu Trunqueiro

Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo
Porque nunca ando só, porque nunca ando só
A chave do cativeiro, virado no Exu Trunqueiro
Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo
Porque nunca ando só, porque nunca ando só

Acenda tudo que for de acender
Deixa a fumaça entrar
Sobô nirê mafá, sobô nirê
Evoco, desperto nação coroada
Não temo o inimigo, galopo na estrada
A noite é abrigo
Transbordo a revolta dos mais oprimidos

Eu sou caboclo da Mata do Catucá
Eu sou pavor contra a tirania
Das matas, o Encantado
Cachimbo já foi facão amolado
Salve a raiz do Juremá

Ê juremeiro, curandeiro ó
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da jurema
Não mexe comigo, não
Ê juremeiro, curandeiro, ó
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da jurema
Não mexe comigo, não

Entre a vida e a morte, encantarias
Nas veredas da encruza, proteção
O estandarte da sorte é quem me guia
Alumia minha procissão
Do parlamento das tramas
Para os quilombos modernos
A quem do mal se proclama
Levo do céu pro inferno
Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado
Kaô, consagrado
 

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