Frente Parlamentar Evangélica manifesta 'profunda preocupação' com inclusão de Malafaia em inquérito
Crimes investigados são coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
A Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional manifestou “profunda preocupação” a inclusão do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, no inquérito que investiga a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras.
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A organização afirma que “qualquer investigação que envolva autoridades políticas, lideranças religiosas ou cidadãos em geral deve observar rigorosamente” a ampla defesa e o contraditório, de modo a “preservar a imparcialidade, a transparência e a legitimidade das instituições”.
Segundo a GloboNews, os crimes investigados são: coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Para a Frente Parlamentar Evangélica, “a escalada de medidas sem critérios técnicos claros” e a “eventual ocorrência de vazamentos seletivos” compromete a isonomia processual e abala a confiança no sistema de Justiça.
“É dever do Estado assegurar que os procedimentos sejam conduzidos com probidade, observância estrita da lei e respeito ao sigilo legal”, diz a nota. A organização diz que permanecerá “vigilante e atuante” para que as liberdades constitucionais e os direitos fundamentais sejam integralmente preservados.
Malafaia foi o organizador de atos de apoio a Jair Bolsonaro no último dia 3. Na ocasião, o ex-presidente participou, de forma remota, de algumas manifestações, o que foi reproduzido em redes sociais de terceiros. Esse fato motivou sua prisão domiciliar, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia seguinte.
O inquérito contra Eduardo, no qual Malafaia foi incluído agora, foi aberto no final de maio por Moraes, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O deputado está morando nos Estados Unidos desde fevereiro.
Posteriormente Bolsonaro passou a ser alvo da mesma investigação por, segundo a Polícia Federal, atuar de forma articulada com o filho para pressionar o Supremo.
Em áudio encaminhado ao GLOBO, Malafaia contesta a investigação contra ele:
— Isso é o nível a que chegou o Estado Democrático de Direito. Número 1: não falo inglês. Não tenho nenhuma comunicação com americano. A Polícia Federal virou polícia de Alexandre de Moraes.
Ele também nega que tenha atuado para atrapalhar o andamento de processo contra Bolsonaro, que é réu no STF por liderar uma suposta trama golpista:
— Eu sou livre para me posicionar. Obstrução de Justiça em quê? Porque fiz uma manifestação para denunciar crimes de quem tinha que zelar pela Constituição?
Momentos depois, Silas Malafaia publicou um vídeo em suas redes sociais no qual se manifesta sobre a investigação. Na gravação, ele diz ser alvo de uma perseguição:
— Escolheram o cara errado. Eu não tenho medo — diz Malafaia, que acrescenta — A Polícia Federal virou a Gestapo do Nazismo? Virou KGB da União Soviética? Isso aqui tá caminhando para a venezualização, onde o cidadão não pode criticar autoridades. Onde está isso na Constituição?

