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RIO DE JANEIRO

Quem é quem no esquema de TH Joias: PF revela rede que unia política, tráfico e empresários

PF aponta que o ex-deputado estadual, preso na Operação Zargun, transformou o mandato em instrumento do Comando Vermelho, articulando negócios com facções, empresas de fachada e agentes do estado

TH Jóias na cadeira da presidência da Alerj, um dos simbolos do poder no Rio TH Jóias na cadeira da presidência da Alerj, um dos simbolos do poder no Rio  - Foto: Alex Ramos / Divulgação Alerj

Relatório da Polícia Federal traça um retrato inédito do alcance da rede montada em torno do ex-deputado estadual Tiego Raimundo de Oliveira Santos, o TH Joias, preso durante a Operação Zargun.

O documento mostra como o parlamentar, que ganhou do MDB a legenda para concorrer nas eleições de 2022, transformou o mandato em extensão dos interesses do Comando Vermelho, reunindo no mesmo esquema político, assessores, empresários, operadores financeiros, policiais e chefes do tráfico.

A investigação revela conexões que iam da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) ao Paraguai, passando por comunidades dominadas pelo crime e chegando a gabinetes oficiais, num arranjo que expôs uma promiscuidade entre o poder público e facções criminosas. Veja quem é quem:

Núcleo político e institucional
Tiego Raimundo de Oliveira Santos, o TH Joias –
 ex-deputado estadual, suplente em legenda dada pelo MDB. Segundo o Ministério Público Federal, ele integrava o “núcleo de liderança” do Comando Vermelho. Entre suas funções está influência na Polícia Militar e vazamento de operações, intermediação de venda de equipamentos antidrones, câmbio e proteção a lideranças criminosas. A defesa nega qualquer crime.

 

Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, “Dudu” – ex-assessor de TH Jóias na Alerj e chamado de “lobista” do Comando Vermelho pela PF. Era integrante do” núcleo logístico", intermediando venda de drogas, compra de antidrones e até distribuiu cargos públicos na Assembleia em favor do tráfico.

Alessandro Pitombeira Carracena, “Carracena” – ex-subsecretário de Defesa do Consumidor e ex-secretário estadual de Esportes, repassava informações sigilosas e articulava politicamente em favor da facção.

Gustavo Stteel – delegado da Polícia Federal vazava informações de investigações e buscava cessão para a Alerj com apoio de Dudu. A defesa alega sua inocência

Núcleo operacional:

Kleber Ferreira da Silva, o Kleber Política Águia ou Padrinho: ex-policial Militar vazava informações sigilosas e sobre operações à quadrilha.

Rodrigo da Costa Oliveira: policial militar da ativa e principal responsável pela segurança de Índio. Responsável por recrutar outros policias para a facção

Davi Costa Rodrigues Kobbi da Silva, o Davi PQD: ex-militar e servidor da Alerj, teve envolvimento direto nas negociações de drogas, armas e munições

Leandro Alan dos Santos: agente socioeducativo atuou como agente logístico na entrega de drogas e armamentos, transportando um fuzil 4 kg de cocaína para o Complexo do Alemão

Alexandre Marques dos Santos Souza, Wallace Menezes Varges de Andrade Tobias e Wesley Ferreira da Silva: policiais militares da ativa sendo responsáveis pela segurança, transportes de armas, drogas e dinheiro e repasse de informações sigilosas

Chefes do tráfico
Luciano Martiniano da Silva, “Pezão/Pé/Amendoim/Lu” – chefe do tráfico no Complexo do Alemão. Usou a influência de TH Jóias para antecipar operações e lavar o dinheiro do crime.

Gabriel Dias de Oliveira, “Índio/Índio do Lixão” – braço-direito de Pezão no Complexo do Alemão intermediava os pedidos do chefe do CV com TH Jóias e responsável pela negociação de armas e drogas. Era cotado para disputar as próximas eleições como vereador em Duque de Caxias, com apoio da quadrilha.

Fhillip da Silva Gregório, “Professor” – líder do CV no Complexo do Alemão, morto em 2025, um dos principais compradores de armas.

Wallace de Brito Trindade, “Lacoste” – liderança do CV, vendia excedentes de drogas ao TCP com intermediação de Dudu.

Thiago da Silva Folly, “TH da Maré” – liderança do TCP, morto em maio de 2025.

Álvaro Malaquias Santa Rosa, “Peixão” – liderança do tráfico citada em conexões com o grupo.

Leonardo Miranda da Silva, “Léo Empada/Empada” – liderança do tráfico mencionada em importação de equipamentos para facções.

Braço empresarial

DMM Aviação Ltda / DDM Escola de Aviação Civil Ltda – empresas usadas para receber pagamentos por fuzis.

Angel Antonio Flecha Barrios – traficante de armas paraguaio, alvo da Operação Dakovo, ligado às empresas DMM/DDM, abastecia PCC, CV e ADA.

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