Origens simples, bastidores e gravação: documentário mergulha no escândalo da "Máfia do Apito"
Série em três episódios, que estreia nesta sexta-feira, busca personagens e revive histórias do esquema que levou à anulação de 11 jogos em 2005
O maior escândalo de arbitragem do futebol brasileiro completa 20 anos em 2025 e será recontado pelas lentes.
Em três episódios, a série documental “A Máfia do Apito”, que estreia hoje, às 19h30, no Sportv, retrata, entre depoimentos, informações e narrativa, as origens, ações e destinos dos personagens envolvidos em um esquema de manipulação de resultados de partidas para beneficiar apostadores que terminou com a anulação e remarcação de 11 jogos do Campeonato Brasileiro de 2005.
Diretor do documentário, uma parceria entre a agência Feel The Match e o Sportv, Bruno Maia conta que a série levou um ano em pré-produção e mais um em produção.
Alguns dos principais depoimentos são o de Edílson Pereira de Carvalho, ex-árbitro banido do futebol por manipulação de resultados em troca de vantagens financeiras, e de Nagib Fayad, o Gibão, apontado nas denúncias como mentor do esquema.
Outro árbitro denunciado pelo esquema, Paulo José Danelon não topou participar da produção, conta o diretor. Com Edílson, foram gravadas nove horas de depoimento.
— Eu tentei que a série não fosse uma biografia do Edílson, apesar de trazermos muita informação dele. São dados que podem flertar com delitos e atitudes de caráter duvidoso, mas que se somam para mostrar o que eu quero: como alguém do futebol está suscetível a pessoas que são capazes de fazer, de maneira precária, um crime desse tamanho. Mesmo não tendo muita informação, muita estrutura, mesmo sendo só um cara e um apostador, já se consegue causar esse estrago — explica.
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Entre as novidades do documentário está a reprodução de uma fita de áudio que deu origem às denúncias iniciais e a toda a investigação. O jornalista e hoje apresentador do Sportv André Rizek dá outro depoimento importante à série, assim como a também jornalista Thaís Oyama. Enquanto trabalhavam na revista Veja, Oyama recebeu uma primeira denúncia, de uma fonte mantida em sigilo, sobre o caso, e Rizek mergulhou por seis meses na apuração até a publicação da primeira reportagem, além de ter seguido acompanhando os desdobramentos da investigação. Ele conta que falar sobre o caso na série foi como uma viagem no tempo:
— O documentário não é sobre a minha matéria e da Thaís. É sobre a Máfia do Apito como um todo. Então o Bruno foi a lugares aonde eu não fui, que é mergulhar no perfil psicológico dos apostadores. Eu foquei muito no escândalo que estava em andamento. Ele foi desde as origens, em como é que o Edílson foi fazer aquilo, enquanto a minha matéria era muito factual do que estava acontecendo, do esquema. O documentário traz revelações para mim também, coisas que eu não lembrava, que eu não sabia direito ou que não interessavam para a revista na época. É um documentário maior do que a matéria, então estou ansioso pra mergulhar nele.
Jornalista e apresentador dos canais Sportv, André Rizek também fala no documentário — Foto: DivulgaçãoOs três episódios de “A Máfia do Apito” vão ao ar no Sportv entre hoje e domingo, (5 a 7 de setembro), sempre às 19h30. Logo após a exibição na TV, a série ficará disponível também para assinantes do canal no Globoplay.
— Talvez seja a maior história de true crime no futebol brasileiro, em crimes relacionados ao futebol. É um documentário sobre a “aventura” que pessoas comuns viveram do dia para a noite, quando duas ou três delas começam a se meter nessa, seja comprando um árbitro ou vendendo um jogo para um apostador. Quando eles veem, estão no meio de um furacão. E eram pessoas que tinham vidas relativamente comuns, não eram grandes criminosos, que aparentemente tinham histórico — resume Maia.

