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CRIME

PM envolvido em execução de advogado usava carro alugado para recolher dinheiro de caça-níqueis

Investigação da polícia aponta que o PM utilizou um "laranja" para locar os veículos

Advogado Rodrigo Marinho CrespoAdvogado Rodrigo Marinho Crespo - Foto: Redes sociais/Reprodução

Documentos obtidos na locadora de veículos, onde a Polícia Civil encontrou fichas de aluguéis atribuídas ao policial militar Leandro Machado da Silva - preso nesta terça-feira sob suspeita de envolvimento com o assassinato do advogado Rodrigo Marinho Crespo - fornecem indícios da relação entre o PM e a contravenção.

Em depoimento à polícia, um funcionário do estabelecimento afirmou que Machado usava os carros alugados para recolher dinheiro de caça-níqueis em Duque de Caxias.

A partir dos documentos, também foi identificada uma ligação do PM com Vinícius Drumond, vice-presidente da Imperatriz Leopoldinense.

A investigação da polícia aponta que o PM utilizou um "laranja" para alugar os carros, com o intuito de "distanciar seu real envolvimento com a máfia dos caça-níqueis".

 

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Conforme depoimento de funcionários e gerentes do estabelecimento, é na pasta dele que os documentos associados a Vinícius Drummond são colocados. Os documentos fazem menção a "Segurança Caxias", "Vinicius Drumond", "Vinicius Zoológico" — em referência ao Jogo do Bicho —, dentre outros.

Os policiais também identificaram que Machado usava um número internacional para se comunicar com o dono da locadora. 

De acordo com a polícia, esse é um artifício "costumeiramente" usado por integrantes de organizações criminosas, principalmente aquelas envolvidas com a contravenção. No aplicativo de mensagem, o número de Machado aparecia com o nome de "Alfredo" e com a foto de um abacaxi.

Durante o depoimento do responsável pela locadora na Delegacia de Homicídios, a polícia constatou que Vinícius Drumond "ficava ligando insistentemente" para o seu telefone.

Segundo a investigação, o PM foi responsável por coordenar toda a logística do crime, incluindo encontrar os dois carros usados para monitoramento e para a execução do advogado. Leandro se entregou na DHC por volta das 10h30 nesta terça-feira.

Ele chegou à delegacia de carro vestindo uma camiseta azul e carregando uma mochila. O policial chegou acompanhado de seu advogado, que negou qualquer participação dele no crime. Segundo a PM, Leandro está afastado do serviço nas ruas por responder a inquérito por participação em organização criminosa, tendo sido preso preventivamente em abril de 2021.

Em nota à imprensa, o advogado de Vinícius Drumond, Carlos Lube, afirmou que "nunca, jamais, em tempo algum" seu cliente manteve vínculo profissional ou pessoal com Leandro Machado da Silva. O posicionamento diz ainda que Vinícius "sequer conhece o policial".

"Não por outro motivo, o próprio Juízo de Plantão do TJRJ indeferiu pedido de busca e apreensão contra ele, sob o fundamento de “inexistir nos autos elementos concretos acerca da ligação de Vinicius Pereira Drumond com o homicídio investigado”, diz a nota.

O posicionamento ainda "rechaça veementemente" suposições de ligação entre o vice-presidente da Imperatriz com o crime, e conclui que Vinicius está à disposição para colaborar com a investigação.

 

Dinâmica do crime
De acordo com as investigações da DHC, pelo menos dois carros, ambos do modelo Gol de cor branca, participaram da emboscada contra o advogado. Um dos veículos foi apreendido no município de Maricá, na Região dos Lagos, no último sábado.

Ainda conforme a Polícia Civil, no dia do crime, Rodrigo saiu de casa, na Rua Fonte da Saudade, na Lagoa, Zona Sul do Rio, de manhã, e foi para o Centro da cidade num carro de aplicativo. Ele, afirma a investigação, era seguido pelo Gol dirigido por Eduardo. O advogado chegou a seu destino às 11h11, segundo a polícia.

O Gol branco permaneceu parado na Avenida Marechal Câmara até 14h27, horário em que foi substituído pelo outro carro, onde estava o assassino. O segundo veículo ficou no local até o momento do crime, por volta das 17h15. Graças à rota de fuga usada pelos criminosos, a polícia começou a reunir pistas do crime.

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